Transplantes cardíacos e pulmonares abaixo das expectativas
Número de dadores de órgãos aumentou mas transplantes continuam abaixo do esperado
Portugal registou um aumento do número de dadores cadáver de órgãos para transplantes, em especial na zona Centro, contrariando a tendência europeia de decréscimo, divulgou hoje o Ministério da Saúde. Mas o número de transplantes realizados, principalmente de pulmão e coração, continua abaixo do que é preciso.Em conferência de imprensa, a Coordenadora Nacional das Unidades de Colheita de Órgãos Tecidos e Células referiu que houve em 2008 um aumento significativo do número de dadores cadáver detectados nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, de que resultaram 283 colheitas de órgãos, um aumento de 12,5 por cento em relação a 2007. Portugal passou assim de uma taxa de 23,9 para 26,7 dadores cadáver por milhão de habitantes, dados que, segundo Maria João Aguiar, fará o país subir ainda mais no global da Europa, onde ocupa o quarto lugar. O objectivo do próximo ano, adiantou, será ultrapassar a barreira dos 30 dadores por milhão de habitantes. "Tivemos uma subida. Ao contrário de toda a Europa, que está em queda em relação à doação. A Península Ibérica está a funcionar bem e aumentámos o número de dadores em Portugal para 283", frisou. Mas José Fragata, director do serviço de cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, o único do país a realizar transplante de pulmão, frisa que o problema em Portugal não é a falta de órgãos, mas sim a falta de condições “logísticas” para fazer mais.“Este aumento da oferta só pode facilitar a actividade. Mas a falta de dadores não é a razão da nossa preocupação. São aspectos de organização e de logística que justificam a falta de resposta”, diz o especialista que lembra que a União Europeia aconselha cinco transplantes cardíacos por milhão de habitante e Portugal só chega aos 40, número para o qual muito contribui o serviço de cardiologia dos Hospitais Universitários de Coimbra.“Mas em relação ao pulmão ainda estamos mais longe. Estamos sozinhos”, acrescenta sobre uma actividade em que Santa Marta continua a trabalhar sozinha, mesmo depois de já ter sido anunciado por várias vezes que Coimbra iria arrancar também com o transplante de pulmão.“Há lacunas na equipa. Este ano tivemos um transplantado que esteve cá dois meses e a equipa, somos apenas cinco – dois cirurgiões e três pneumologistas – viveu no hospital dois meses. É claro que temos de mandar órgãos para Espanha e doentes também”.O envio de pacientes para Espanha teve contornos mais mediáticos quando o irmão do primeiro-ministro José Sócrates, António Pinto Sousa, teve de ser transplantado no Complexo Hospitalar Universitário Juan Canalejo, na Corunha. Na mesma altura, em Julho do ano passado, estavam mais sete portugueses internados na mesma unidade para receber um transplante, onde uma equipa, de 25 a 30 especialistas, realiza 20 transplantes por ano. “Nós somos 5 e fazemos 4 transplantes. Penso que respondemos como podemos”, diz o médico português José Fragata que pede à ministra da Saúde, para 2009, que aumente a equipa do Hospital de Santa Marta.“Não posso estar contente com cinco transplantes quando precisamos de fazer 20. É um problema logístico, não é de ‘know how’. E quanto mais casos pudermos tratar, mais evoluímos a técnica. Tenho esperança que se perceba que estamos a precisar de atenção. É o meu pedido para 2009.
Número de dadores de órgãos aumentou mas transplantes continuam abaixo do esperado
Portugal registou um aumento do número de dadores cadáver de órgãos para transplantes, em especial na zona Centro, contrariando a tendência europeia de decréscimo, divulgou hoje o Ministério da Saúde. Mas o número de transplantes realizados, principalmente de pulmão e coração, continua abaixo do que é preciso.Em conferência de imprensa, a Coordenadora Nacional das Unidades de Colheita de Órgãos Tecidos e Células referiu que houve em 2008 um aumento significativo do número de dadores cadáver detectados nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, de que resultaram 283 colheitas de órgãos, um aumento de 12,5 por cento em relação a 2007. Portugal passou assim de uma taxa de 23,9 para 26,7 dadores cadáver por milhão de habitantes, dados que, segundo Maria João Aguiar, fará o país subir ainda mais no global da Europa, onde ocupa o quarto lugar. O objectivo do próximo ano, adiantou, será ultrapassar a barreira dos 30 dadores por milhão de habitantes. "Tivemos uma subida. Ao contrário de toda a Europa, que está em queda em relação à doação. A Península Ibérica está a funcionar bem e aumentámos o número de dadores em Portugal para 283", frisou. Mas José Fragata, director do serviço de cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, o único do país a realizar transplante de pulmão, frisa que o problema em Portugal não é a falta de órgãos, mas sim a falta de condições “logísticas” para fazer mais.“Este aumento da oferta só pode facilitar a actividade. Mas a falta de dadores não é a razão da nossa preocupação. São aspectos de organização e de logística que justificam a falta de resposta”, diz o especialista que lembra que a União Europeia aconselha cinco transplantes cardíacos por milhão de habitante e Portugal só chega aos 40, número para o qual muito contribui o serviço de cardiologia dos Hospitais Universitários de Coimbra.“Mas em relação ao pulmão ainda estamos mais longe. Estamos sozinhos”, acrescenta sobre uma actividade em que Santa Marta continua a trabalhar sozinha, mesmo depois de já ter sido anunciado por várias vezes que Coimbra iria arrancar também com o transplante de pulmão.“Há lacunas na equipa. Este ano tivemos um transplantado que esteve cá dois meses e a equipa, somos apenas cinco – dois cirurgiões e três pneumologistas – viveu no hospital dois meses. É claro que temos de mandar órgãos para Espanha e doentes também”.O envio de pacientes para Espanha teve contornos mais mediáticos quando o irmão do primeiro-ministro José Sócrates, António Pinto Sousa, teve de ser transplantado no Complexo Hospitalar Universitário Juan Canalejo, na Corunha. Na mesma altura, em Julho do ano passado, estavam mais sete portugueses internados na mesma unidade para receber um transplante, onde uma equipa, de 25 a 30 especialistas, realiza 20 transplantes por ano. “Nós somos 5 e fazemos 4 transplantes. Penso que respondemos como podemos”, diz o médico português José Fragata que pede à ministra da Saúde, para 2009, que aumente a equipa do Hospital de Santa Marta.“Não posso estar contente com cinco transplantes quando precisamos de fazer 20. É um problema logístico, não é de ‘know how’. E quanto mais casos pudermos tratar, mais evoluímos a técnica. Tenho esperança que se perceba que estamos a precisar de atenção. É o meu pedido para 2009.
Portugal ocupa o quarto lugar na colheita de órgãos mas continua a ter de mandar órgãos e doentes para Espanha.
Ana Machado, com Lusa
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