Redução do número de casos novos só começará a sentir-se ao fim do primeiro ano. Com o incremento da vacinação será possível prever que a gripe A se comporte como uma gripe sazonal dentro de dois ou três anos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a infecção pelo vírus da gripe A só vai estabilizar dentro de dois a três anos, altura em que terá um peso semelhante ao da gripe sazonal. De acordo com a Europa Press, que cita o porta-voz da OMS, Gregory Hartl, só nessa altura será possível baixar o nível de alerta do nível seis (pandemia).
Enquanto não houver uma redução do número de novos casos, associado a uma circulação ainda agressiva do vírus, o alerta irá manter-se. Cristina Furtado, epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde doutor Ricardo Jorge (INSA), está de acordo com as previsões da OMS. "Neste momento estamos perante uma nova infecção, a que ninguém estava imune. Por isso, é natural que o maior número de casos se registe este ano e acima do que acontece com a gripe sazonal. Só esperamos que haja um grande grupo de pessoas imunizadas daqui a dois ou três anos", refere.
Este ano, as previsões apontam para uma incidência de 15% a 25% da população - entre 1.5 e 2.5 milhões de portugueses - uma transmissão que é mais agressiva por utilizar a via aérea. "No próximo ano isso já não vai acontecer", sublinha.
Quem já teve gripe A estará mais protegido porque terá anticorpos; por outro lado, a vacinação terá chegado a cerca de três milhões de portugueses. Caso se confirmem estas estimativas "teremos mais de metade da população protegida, o que é óptimo", refere Cristina Furtado. Por outro lado, a cadeia de transmissão do vírus é quebrada, com a introdução da vacina. "É nessa altura que a transmissão do vírus é dificultada e começa a actuar como se se tratasse de uma gripe sazonal", refere o mesmo responsável da OMS. Na sua opinião, as autoridades de saúde pública nacionais devem agora trabalhar em conjunto com os laboratórios farmacêuticos para se estudar a introdução de novas vacinas e acelerar as campanhas de vacinação.
Até agora, recorda Cristina Furtado, o vírus não sofreu qualquer mutação, "e não esperamos que surja um totalmente novo. Vamos estudar o seu comportamento neste Inverno". Daqui por três anos, já haverá uma noção precisa dos grupos etários que são mais afectados e quando será o pico.
Os custos do Estado com a gripe A já ascendem a 67,5 milhões de euros, com a compra de vacinas (45 milhões de euros), e do medicamento oseltamivir (22,5 milhões), segundo a Lusa. Gastos a que se juntam os indirectos, calculados entre 330 e 500 milhões (estudo da Deloitte). A ministra Ana Jorge não quis comentar os dados, porque se está ainda "numa fase muito precoce da epidemia".
Jornalista Diana Mendes
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