30/05/2011 - 09:51
Um estudo do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (INCP) realizado na Área Metropolitana de Lisboa revela que a maioria dos adolescentes fumadores, dos 12 aos 18 anos, é feminina, avança a agência Lusa.
Realizado num universo de 3.064 estudantes do terceiro ciclo (sétimo ao nono anos) de escolas de zonas urbanas e suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa, o estudo revelou que fumar é cada vez mais um comportamento feminino – 51% contra 49% nos rapazes.
Estes dados, divulgados a propósito do Dia Mundial do Não Fumador, que se assinala na terça-feira, confirmam a tendência de crescimento do tabagismo entre as jovens portuguesas, que aumentou 11% em 2008, quando o registo da década de 80 revelava um crescimento de apenas 5%.
Paulo Vitória, do Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção das Doenças Não Transmissíveis do INCP, sublinhou à Lusa que o aumento do número de jovens fumadoras aponta para “uma realidade muito preocupante”, porque “a mulher é mais vulnerável aos efeitos nocivos do tabaco”.
Os riscos do tabagismo nas jovens portuguesas são maiores do que nos fumadores do sexo masculino, porque, frisou o clínico do INCP, “as mulheres apresentam maior risco de cancro do pulmão, doença cardiovascular e doença respiratória-crónica”.
Os comportamentos tabagistas nas mulheres provocam ainda “graves implicações na fertilidade e na gravidez”.
O estudo revela que é na escola que se dá a iniciação ao tabagismo, que tem “o maior pico nos jovens dos 12 aos 14 anos”, em particular no sétimo ano, “o mais complicado do sistema de ensino”, porque é aquele em que “acontecem mais problemas de iniciação e mesmo de chumbos”.
“A escola é o espaço de iniciação”, refere, lembrando dados anteriores, que apontavam para 45% dos rapazes e 38% das raparigas terem admitido que começou a fumar nos estabelecimentos de ensino.
A realidade é mais dramática na transição do sétimo para o oitavo, quando “mais do que dobra o número respeitante à iniciação de jovens ao tabaco”.
Outro dos problemas do tabaco na escola que Paulo Vitória vinca é “o de levar à primeira experiência” com estupefacientes.
O tabaco é cada vez mais uma droga de iniciação e torna mais fácil o uso de outras drogas, como o haxixe”, notou Paulo Vitória, observando que, em Portugal, o fenómeno do alcoolismo foi ultrapassado pelo “comportamento com drogas”.
As razões são várias, como “a vulnerabilidade às influências dos pares, que se intensifica nestas idades”, pelo que é necessário intervir junto dos jovens “no contexto em que estão inseridos”.
Paulo Vitória acentua a existência da Lei Antitabagismo, em vigor desde Agosto de 2007, mas realçou que “a escola preocupa-se como a lei é implementada e não em trabalhar directamente com os jovens”.
Por isso, a Linha SOS – Deixar de Fumar, do INCP, vai realizar uma investigação para aprofundar os comportamentos tabagistas nas mulheres portugueses, estudo que decorrerá até Junho de 2014.
A Linha SOS – Deixar de Fumar (808 20 88 88), integrada na rede europeia das Quintlines, funciona desde 2002 e informa sobre o tabagismo e os malefícios do consumo do tabaco, prestando aconselhamento e apoio.
Preço do maço "vai fazer aumentar a contrafacção e os riscos de saúde pública"
O contínuo aumento do preço do tabaco vai fazer crescer o mercado ilegal, o contrabando e a contrafacção, o que pode suscitar problemas de saúde pública, alertam empresários do sector.
A crise económica e o aumento do preço do tabaco estão a mudar o paradigma do negócio do tabaco em Portugal.
A primeira reacção dos consumidores foi procurar tabaco mais barato, o que resultou no aumento exponencial da venda de tabaco de enrolar.
Só que, diz o presidente da Associação de Grossistas do Sul, João José Louro Passos, chegará o momento em que o custo de um maço será tão elevado que aumentará exponencialmente o negócio ilegal.
Helena Baptista, da Associação Portuguesa dos Armazenistas de Tabaco (APAT), diz mesmo que o negócio ilegal já aí está. "Tem duas consequências: a fiscal – o Estado deixa de amealhar em impostos – e a saúde pública, já que, no tabaco contrafeito, ninguém sabe o que está lá dentro".
Nas vésperas do Dia Mundial do Não Fumador, que se assinala na terça-feira, os empresários do sector afirmam que o negócio do tabaco, legal, em que os consumidores conhecem os malefícios do que consomem, vai dar lugar a um negócio clandestino, "como a droga", em que as pessoas vão comprar às escondidas e nem sabem que substâncias fumam.
"Nós estamos a ser mais penalizados do que quem negoceia droga, é um mercado que cria postos de trabalho e que dá um balúrdio de impostos ao Estado. Todos nós sabemos que o tabaco faz mal, mas tem é de haver informação sobre os malefícios", lamenta Helena Baptista, receando que venha a ser aprovado o fim da venda de tabaco em máquinas, o que vai fazer "aumentar a venda escondida atrás do balcão".
Os empresários gostariam que as autoridades não se preocupassem apenas em soluções para diminuir o consumo do tabaco, que também pensassem nos riscos do mercado ilegal.
"Nunca ouvi a Direcção Geral da Saúde pronunciar-se sobre o tabaco contrafeito, que é feito na China. Ninguém contesta que o tabaco faz mal, mas uma coisa é o tabaco controlado pelas instituições, sabe-se todos os seus componentes, outra é este tabaco que ninguém sabe o que contém", afirma Helena Baptista da APAT.
A empresária lembra que as embalagens de tabaco falsificado são perfeitas, o consumidor só nota quando começa a fumar.
Outra regra que poderá vir a ser aplicada pela União Europeia é a uniformização das embalagens, uma espécie de genérico, para anular o aspecto apelativo dos maços.
Ora, para os empresários, isto terá outra consequência imediata: "facilita a vida aos falsificadores".
A crise e o aumento do preço do tabaco tem também outras consequências no negócio, os consumidores procuram soluções engenhosas. Uma delas é a compra de tabaco nas ilhas, que tem um regime fiscal favorável, e fica cerca de 30% mais barato.
Em grandes quantidades compensa os portes de envio.
Os criminosos também já descobriram aqui uma oportunidade, é que um veículo de transporte de maços de tabaco pode ter material no valor de meio milhão de euros, e os assaltos têm sido muito frequentes.
Também os assaltos às máquinas automáticas têm aumentado.
João José Louro diz mesmo que as seguradoras já não fazem seguros, ou "aplicam prémios incomportáveis".
Fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/saude/tabaco-maioria-dos-adolescentes-que-fumam-e-feminina_234
Realizado num universo de 3.064 estudantes do terceiro ciclo (sétimo ao nono anos) de escolas de zonas urbanas e suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa, o estudo revelou que fumar é cada vez mais um comportamento feminino – 51% contra 49% nos rapazes.
Estes dados, divulgados a propósito do Dia Mundial do Não Fumador, que se assinala na terça-feira, confirmam a tendência de crescimento do tabagismo entre as jovens portuguesas, que aumentou 11% em 2008, quando o registo da década de 80 revelava um crescimento de apenas 5%.
Paulo Vitória, do Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção das Doenças Não Transmissíveis do INCP, sublinhou à Lusa que o aumento do número de jovens fumadoras aponta para “uma realidade muito preocupante”, porque “a mulher é mais vulnerável aos efeitos nocivos do tabaco”.
Os riscos do tabagismo nas jovens portuguesas são maiores do que nos fumadores do sexo masculino, porque, frisou o clínico do INCP, “as mulheres apresentam maior risco de cancro do pulmão, doença cardiovascular e doença respiratória-crónica”.
Os comportamentos tabagistas nas mulheres provocam ainda “graves implicações na fertilidade e na gravidez”.
O estudo revela que é na escola que se dá a iniciação ao tabagismo, que tem “o maior pico nos jovens dos 12 aos 14 anos”, em particular no sétimo ano, “o mais complicado do sistema de ensino”, porque é aquele em que “acontecem mais problemas de iniciação e mesmo de chumbos”.
“A escola é o espaço de iniciação”, refere, lembrando dados anteriores, que apontavam para 45% dos rapazes e 38% das raparigas terem admitido que começou a fumar nos estabelecimentos de ensino.
A realidade é mais dramática na transição do sétimo para o oitavo, quando “mais do que dobra o número respeitante à iniciação de jovens ao tabaco”.
Outro dos problemas do tabaco na escola que Paulo Vitória vinca é “o de levar à primeira experiência” com estupefacientes.
O tabaco é cada vez mais uma droga de iniciação e torna mais fácil o uso de outras drogas, como o haxixe”, notou Paulo Vitória, observando que, em Portugal, o fenómeno do alcoolismo foi ultrapassado pelo “comportamento com drogas”.
As razões são várias, como “a vulnerabilidade às influências dos pares, que se intensifica nestas idades”, pelo que é necessário intervir junto dos jovens “no contexto em que estão inseridos”.
Paulo Vitória acentua a existência da Lei Antitabagismo, em vigor desde Agosto de 2007, mas realçou que “a escola preocupa-se como a lei é implementada e não em trabalhar directamente com os jovens”.
Por isso, a Linha SOS – Deixar de Fumar, do INCP, vai realizar uma investigação para aprofundar os comportamentos tabagistas nas mulheres portugueses, estudo que decorrerá até Junho de 2014.
A Linha SOS – Deixar de Fumar (808 20 88 88), integrada na rede europeia das Quintlines, funciona desde 2002 e informa sobre o tabagismo e os malefícios do consumo do tabaco, prestando aconselhamento e apoio.
Preço do maço "vai fazer aumentar a contrafacção e os riscos de saúde pública"
O contínuo aumento do preço do tabaco vai fazer crescer o mercado ilegal, o contrabando e a contrafacção, o que pode suscitar problemas de saúde pública, alertam empresários do sector.
A crise económica e o aumento do preço do tabaco estão a mudar o paradigma do negócio do tabaco em Portugal.
A primeira reacção dos consumidores foi procurar tabaco mais barato, o que resultou no aumento exponencial da venda de tabaco de enrolar.
Só que, diz o presidente da Associação de Grossistas do Sul, João José Louro Passos, chegará o momento em que o custo de um maço será tão elevado que aumentará exponencialmente o negócio ilegal.
Helena Baptista, da Associação Portuguesa dos Armazenistas de Tabaco (APAT), diz mesmo que o negócio ilegal já aí está. "Tem duas consequências: a fiscal – o Estado deixa de amealhar em impostos – e a saúde pública, já que, no tabaco contrafeito, ninguém sabe o que está lá dentro".
Nas vésperas do Dia Mundial do Não Fumador, que se assinala na terça-feira, os empresários do sector afirmam que o negócio do tabaco, legal, em que os consumidores conhecem os malefícios do que consomem, vai dar lugar a um negócio clandestino, "como a droga", em que as pessoas vão comprar às escondidas e nem sabem que substâncias fumam.
"Nós estamos a ser mais penalizados do que quem negoceia droga, é um mercado que cria postos de trabalho e que dá um balúrdio de impostos ao Estado. Todos nós sabemos que o tabaco faz mal, mas tem é de haver informação sobre os malefícios", lamenta Helena Baptista, receando que venha a ser aprovado o fim da venda de tabaco em máquinas, o que vai fazer "aumentar a venda escondida atrás do balcão".
Os empresários gostariam que as autoridades não se preocupassem apenas em soluções para diminuir o consumo do tabaco, que também pensassem nos riscos do mercado ilegal.
"Nunca ouvi a Direcção Geral da Saúde pronunciar-se sobre o tabaco contrafeito, que é feito na China. Ninguém contesta que o tabaco faz mal, mas uma coisa é o tabaco controlado pelas instituições, sabe-se todos os seus componentes, outra é este tabaco que ninguém sabe o que contém", afirma Helena Baptista da APAT.
A empresária lembra que as embalagens de tabaco falsificado são perfeitas, o consumidor só nota quando começa a fumar.
Outra regra que poderá vir a ser aplicada pela União Europeia é a uniformização das embalagens, uma espécie de genérico, para anular o aspecto apelativo dos maços.
Ora, para os empresários, isto terá outra consequência imediata: "facilita a vida aos falsificadores".
A crise e o aumento do preço do tabaco tem também outras consequências no negócio, os consumidores procuram soluções engenhosas. Uma delas é a compra de tabaco nas ilhas, que tem um regime fiscal favorável, e fica cerca de 30% mais barato.
Em grandes quantidades compensa os portes de envio.
Os criminosos também já descobriram aqui uma oportunidade, é que um veículo de transporte de maços de tabaco pode ter material no valor de meio milhão de euros, e os assaltos têm sido muito frequentes.
Também os assaltos às máquinas automáticas têm aumentado.
João José Louro diz mesmo que as seguradoras já não fazem seguros, ou "aplicam prémios incomportáveis".
Fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/saude/tabaco-maioria-dos-adolescentes-que-fumam-e-feminina_234
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