A coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos, tecidos e células para Transplantação demitiu-se hoje em protesto contra o ministro da Saúde. Maria João Aguiar considera "absolutamente desastrosas" as declarações de Paulo Macedo na entrevista concedida ontem à noite à TVI. A coordenadora diz que não pode aceitar "que haja doentes que se podem salvar, mas que vão morrer porque o país está em dificuldades económicas".
Ontem à noite, e depois deter sido questionado se os transplantes estariam em risco em Portugal, o ministro da Saúde admitiu que "pode não haver o mesmo número de transplantes". Paulo Macedo afirmou que é preciso perceber se o país "pode sustentar o actual número de transplantes".
"Recuso-me a permanecer aqui, porque o meu lugar está esvaziado de funções", disse à Lusa a coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos, tecidos e células para Transplantação, Maria João Aguiar. "Não posso aceitar que haja doentes que se podem salvar, mas que vão morrer porque o país está em dificuldades económicas. Digam então às famílias dos doentes que temos de fazer cortes económicos para salvar o Serviço Nacional de Saúde e que terão que morrer doentes", disse a responsável.
O presidente da Autoridade dos Serviços do Sangue e da Transplantação (ASST), João Rodrigues Pena, também pediu hoje a demissão em protesto contra as intenções do ministro da Saúde.
Paulo Macedo também disse ontem que o Governo pretende "manter um número de transplantes tão interessante e de qualidade como tem vindo a ser feito, mas claramente dando menos incentivos aos hospitais, porque também não é necessário”.
Perante as declarações do ministro, Maria João Aguiar e João Rodrigues Pena entregaram hoje a sua carta de demissão ao Ministério da Saúde como "forma de protesto".
Em Agosto, o Governo decidiu cortar para metade os incentivos para a realização de transplantes, com efeitos retroactivos desde o início do ano.
Em Agosto, o Governo decidiu cortar para metade os incentivos para a realização de transplantes, com efeitos retroactivos desde o início do ano.
Maria João Aguiar garante que as transplantações renais significam uma "poupança de milhões de euros" ao Estado: "A transplantação é a maneira mais económica para os doentes, que vão continuar a gastar dinheiro ao Estado porque continuam em diálise se não são transplantados".
Triste é que tudo agora se resume à falta de incentivos, no entanto, sempre estiveram neste pais pessoas a morrer em listas de espera, sem oportunidades para ir para fora e porquê? Falo unicamente dos Transplantes Pulmonares. Será que nao seria mais honesto admitir que o pais sempre esteve em crise e que as oportunidades, em grande parte foram dadas as "apelidos sonantes" ou a quem teve que lutar contra o sistema para manter-se vivo, sair do país, realizar o transplante pulmonar longe de toda a sua familia? Será que ninguém pode também ver isso?
Sandra Campos
Fonte; http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=97&did=171175
Realmente! Então agora é tudo uma questão de incentivos?! Então e o juramento médico que fizeram em honrar e salvar a Vida Humana? Pensei que ser médico era isso, jamais pensei que além do ordenado que recebem ao final do mês para realizarem o seu trabalho, ainda precisam de incentivos para o realizar! Se o nº de transplantes baixar, não é pelo corte nos incentivos, é pela ganância. Usem o dinheiro dos incentivos para melhorar os centros de transplantação, invistam na formação de profissionais! É preferível do que "incentivar" o Dr. Eduardo Barros, por exemplo, pela sua equipa realizar um transplante enquanto ele está a dormir, mas recebe na mesma porque a equipa é dele!
ResponderEliminarFrancamente! Que vergonha!