10/10/2011 - 09:52
Alexandre Linhares Furtado, pioneiro dos transplantes em Portugal, defendeu ontem a autonomização da Unidade de Transplantação dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) em relação a qualquer serviço hospitalar, nomeando para a sua direcção o "elemento mais diferenciado", noticia a agência Lusa.
Num texto a que a Agência Lusa teve acesso, Linhares Furtado - distinguido recentemente com o Prémio Nacional de Saúde 2011 - preconiza a "autonomização da Unidade de Transplantação dos HUC em relação a qualquer Serviço Hospitalar, respondendo apenas perante escalões hierárquicos mais elevados e reunindo as valências de patologia hepática, biliar, pancreática e transplantes de adultos e de crianças".
Na posição, uma "iniciativa pessoal" intitulada "Transplantação hepática pediátrica em Portugal/ Esclarecimentos ao público e proposta de recomeço", o catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra preconiza que, para a direcção desta unidade, deve ser nomeado "o elemento mais diferenciado e com maior aceitação pelo grupo cirúrgico e anestésico".
Em Portugal, o transplante de fígado em crianças iniciou-se em 1994 nos HUC, com a colaboração de membros do Hospital Pediátrico, mantendo-se como único centro nacional, registando "uma sobrevida real, aos 10 anos, idêntica às dos melhores centros mundiais", adianta o antigo director do Serviço de Urologia e Transplantação dos HUC.
Em declarações recentes ao Diário de Notícias, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, disse estar a ser estudada uma solução para os transplantes hepáticos pediátricos em Portugal - na sequência da saída dos HUC do cirurgião responsável, Emanuel Furtado, filho de Linhares Furtado - sendo entretanto enviadas para Espanha "as crianças em situação de emergência e que necessitem de resposta [imediata]”.
"Indesculpáveis condutas administrativas, que se perpetuaram sob várias administrações, incluindo afastamento discricionário de cirurgiões, geraram repetidos avisos que não encontraram nunca recetividade e tornaram inaceitável, técnica e eticamente, a permanência do cirurgião principal [Emanuel Furtado] nos HUC", lê-se no texto de Linhares Furtado.
Ao manifestar-se disponível para colaborar, de forma graciosa, na reactivação dos transplantes hepáticos pediátricos em Coimbra, Linhares Furtado estabelece também como condição a "reintegração dos cirurgiões inativos, nas práticas do adulto e da criança, medida absolutamente indispensável para a manutenção do nível técnico alcançado e exigido e a preparação de novos cirurgiões".
Preconiza ainda a "eliminação das dificuldades e subterfúgios à integração de novos elementos, condição, como a anterior, essencial à preparação e renovação de cirurgiões, tarefa de anos".
Fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/politica-de-saude/10-10-11/autonomizacao-da-unidade-de-transplantacao-dos-huc-em-relacao
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