03/09/2012 - 09:04
Centenas de pessoas manifestaram-se este sábado ruidosamente frente a um dos principais hospitais de Madrid contra a entrada em vigor da reforma da saúde que suprime o acesso gratuito aos cuidados médicos dos imigrantes em situação irregular, avança a agência Lusa.
“Nenhum ser humano é ilegal”, gritaram os manifestantes frente ao hospital Gregório Marañón, apoiados por um enorme buzinão.
“É um ato de rebelião contra uma lei totalmente injusta”, disse à agência noticiosa AFP o peruano Rodrigo Rojas, 51 anos, que se juntou aos protestos.
“Os imigrantes já foram uma mão-de-obra barata e agora não servem para nada, enviam-nos para o matadouro”, denunciou este homem que chegou a Espanha há 15 anos. A pequena empresa de construção que fundou em 2009 foi à falência na sequência da crise no sector imobiliário.
Com a perda do seu emprego, Rojas ficou sem direito à licença de residência e encontra-se actualmente, à semelhança de centenas de milhares de outros imigrantes, sem documentação e sem acesso ao serviço de saúde pública.
Até agora, os imigrantes “sem-papéis” podiam obter uma autorização para serem assistidos por medidos do serviço público.
Mas na sua política de cortes orçamentais, o governo conservador de Mariano Rajoy decidiu limitar a partir deste sábado o seu acesso aos cuidados de saúde gratuitos para as crianças, mulheres grávidas e nos serviços de urgências.
Cerca de 2.000 médicos declararam a sua oposição a estas medidas e anunciaram que vão continuar a prestar assistência aos “sem-papéis”.
Os enfermeiros e outro pessoal dos serviços públicos de saúde juntaram-se a este movimento após o apelo de diversas ONG, onde se incluem os Médicos do Mundo.
Em paralelo, sete dos 17 governos das regiões autónomas, com competências em matéria de saúde, anunciaram que recusam aplicar esta lei e vão manter o acesso aos cuidados médicos para os imigrantes em situação irregular.
Confrontado com este movimento, o Governo assegurou que os “sem-papéis” vão continuar a ser assistidos mas terão de pagar os custos, sugerindo que sejam reembolsados pelos seus países de origem, no caso da existência de um acordo bilateral.
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