O Bloco de Esquerda (BE) defende a realização, "com caráter de urgência", de uma auditoria independente às causas da quebra nas recolhas de órgãos e nos transplantes em Portugal, segundo informou hoje em comunicado.
No projeto de resolução que será quinta-feira discutido em plenário da Assembleia da República, o BE defende ainda a aplicação de "um plano de ação que permita aumentar a recolha de órgãos, bem como a realização de transplantes".
Dados do BE indicam que "os números de transplantes e de recolhas de órgãos - em dador vivo e em cadáver - sofreram no corrente ano uma quebra muito significativa, que merecem análise e intervenção urgentes".
Este partido cita o Resumo da Atividade para o primeiro semestre de 2012, da Autoridade para os Serviços do Sangue e da Transplantação (ASST), no primeiro semestre deste ano, segundo o qual foram recolhidos 131 órgãos em dadores-cadáver, o que significa um decréscimo de 16,5 por cento (%) relativamente ao mesmo período de 2011.
"Para encontrar um valor de colheita de órgãos em dadores-cadáver mais baixo do que este temos de recuar até 1988, ano em que foram recolhidos 103 órgãos", escreve o BE em comunicado.
Sobre o número total de órgãos recolhidos, o BE verifica igualmente um "forte declínio".
"Recolheram-se 412 órgãos, menos 16 % que em igual período em 2011, ou seja, menos 81 órgãos. Em 2010, foram recolhidos 455 órgãos e, em 2009, 442", acrescenta.
Relativamente ao número de transplantes efetuados em território nacional, no primeiro semestre de 2012, os bloquistas referem que se registaram 358, "o que representa uma baixa de 22 % face a 2011 (menos 100 transplantes efectuados)", realçam.
"Em 2010 foram 447 e, em 2009, 434. Comparativamente com o período homólogo, no primeiro semestre de 2012, os transplantes de coração, rim e fígado diminuíram, respetivamente, 38%, 25% e 13%", adianta o partido.
O BE considera que o processo de fusão da ASST no Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) "não está a correr pelo melhor".
"É preciso recuar mais de duas décadas para encontrar números de recolha de órgãos em dadores-cadáver tão baixos como os deste ano", lê-se no comunicado.
Para os bloquistas, "não é crível que este facto se possa justificar apenas por haver menos acidentes ou Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), como evoca o Governo, e sobretudo não se pode negligenciar o efeito de algumas decisões governamentais: a redução das verbas atribuídas à transplantação e a centralização no IPST-IP de múltiplas funções".
"Estes números não são apenas números, são pessoas cuja vida depende de um transplante", razão para o Bloco considerar que "urge analisar e ponderar com seriedade e imparcialidade os motivos pelos quais o número de recolhas de órgãos e de transplantes em Portugal está diminuir".
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa*
FONTE: http://www.ionline.pt/portugal/be-quer-auditoria-urgente-diminuicao-recolhas-orgaos-transplantes
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