19/04/2013 - 08:58
O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) disse esta quinta-feira, em Coimbra, que o transplante renal cruzado de dador vivo é uma solução para ajudar a baixar o número de doentes renais que aguardam por um rim, avança a agência Lusa.
Em Portugal, segundo o cirurgião Fernando Macário, são realizados entre 450 a 500 transplantes renais por ano, "que não é suficiente para aquilo que se necessita", apesar de percentualmente ser uma das taxas mais altas da Europa.
De acordo com o médico, existem no país 11.500 pessoas a fazer hemodiálise, das quais cerca de 2.000 aguardam por um transplante renal.
"Uma alternativa muito válida para reduzir a lista de doentes renais crónicos passa pelo transplante de dador vivo, o que levou a SPT a lançar a campanha em curso ‘Doar um rim faz bem ao coração'", frisou.
Fernando Macário falava em conferência de imprensa, convocada pelo presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) para abordar o duplo "transplante cruzado de rins com dadores vivos" efectuado por aquela unidade, na quarta-feira, pela primeira vez em Portugal.
A "complexa operação" implicou "colheitas de rins, em simultâneo, em dadores vivos, de imediato implantados em receptores cruzados, também em simultâneo", tendo a operação demorado mais de seis horas e envolvido 12 cirurgiões, quatro anestesiologistas, 12 enfermeiros e quatro técnicos, com recurso a quatro salas de operações em simultâneo.
O cirurgião Alfredo Mota coordenou a equipa de 32 profissionais que, entre as 08:30 e as 15:00 de quarta-feira, procederam à colheita e implantação simultânea de rins, intervenção que exige "uma coordenação de equipa perfeita e meios humanos com muita experiência na transplantação renal".
Os dadores foram dois homens e os receptores duas mulheres, que se "encontram bem" nos CHUC, sendo que num caso eram marido e mulher e noutro irmão e irmã, com idades entre os 30 e os 40 anos.
Aos jornalistas, o chefe da equipa disse que os riscos de morte para um dador de rim é de 0,03%, "de tal modo baixo que as seguradoras americanas fazem seguros de vida aos dadores", semelhante ao de uma pessoa que "tem de conduzir o seu automóvel 20 quilómetros por dia para ir para o emprego".
Segundo Alfredo Mota, dos 400 a 500 transplantes que se realizam por ano em Portugal, "só uma taxa que não chega a 10 por cento é de dador vivo, portanto, existe um transplantador vivo muito baixo".
"Posso dizer que nos Estados Unidos a relação é de 50/50, entre cadáver e dador vivo, e em países europeus isso também já acontece", disse o cirurgião, convicto de que a sociedade portuguesa vai assimilar as campanhas de sensibilização.
As cinco unidades de saúde inseridas no programa "Doar um rim faz bem ao coração', em que se insere o CHUC, têm capacidade instalada para realizar, a qualquer momento, a troca de rins entre dois ou mais pares dador-receptor, de maneira a que cada um dos receptores receba um rim adequado e os dadores realizem o seu desejo de doação.
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