Pavilhão pré-fabricado para analises no Hospital Curry Cabral em Lisboa 2015. |
1º
Dia – 4ª feira, dia 6 de Maio.
Como
sabem, nós transplantados necessitamos de fazer de forma regular níveis
(doseamento) dos imunossupressores que tomamos desde o primeiro dia do
transplante.
Depois
de ler o empolgante titulo da noticia do jornal Voz de Galicia http://transplantes-pulmonares.blogspot.pt/2015/05/la-mejora-de-la-sanidad-portuguesa-hace.html
– “A melhoria da sanidade portuguesa faz
decair o convénio com Galicia (...) a nível dos transplantes pulmonares” tive a
oportunidade de experimentar esta duvidosa melhoria num aspecto tão simples
como tirar sangue para nivelamento dos imunossupressores no sangue.
Neste
momento tomo Advagraf (tacrolimus) e o Certican (Everolimus). O Advagraf não me
pode ser fornecido pela farmácia do hospital de Santa Maria, apesar da boa
vontade e esforços da minha médica de peneumologia, porque houve um concurso e quem ganhou o
fornecimento do tacrolimus para Santa Maria foi uma marca de genéricos.
Se
tomasse o Prograf (tacrolimus) que tem genérico ainda teria que aceitar a
passagem para o genérico mas quando me receitam o Advagraf, que não tem
genérico, já fica um pouco difícil de aceitar que mesmo assim tenha que mudar
para um genérico.
Todo
este processo de passagem de um medicamento imunossupressor para outro implica
fazer níveis (doseamentos) para saber qual a dosagem correcta a tomar diariamente.
Por vezes o nível ideial de imunossupressão não é conseguido apenas com uma
análise ao sangue. São precisas várias analises, subir e descer a dosagem do
medicamento até se encontrar uma dose que sem mantem igual entre revisões
médicas.
Bom
mas não ficamos por aqui!
Acordo
de manhã bem cedo e dirijo-me, em jejum, às analises do hospital de Santa
Maria, tiro a senha prioritária esperando que fosse rápido pois tinha que tomar
os medicamentos imediatamente a seguir às analises. E o filme começa!
Mandam-me
ao balcão central para pagar (ou não) as taxas moderadoras. Coisa que era
possível de saber de forma imediata se sou ou não isenta, bastando para tal
confirmar com o meu cartão do cidadão.
Vou
ao balcão central, tenho que tirar uma senha de espera para ser atendida no
balcão central (mais um preâmbulo) e só depois vou ao balcão central, ode
finalmente, concluem que sou isenta, assinam os meus papéis de analises e
agrafam o ticket de espera.
“Agora
já pode ir fazer as analises!” – lá vou eu, novamente dar toda a volta ao
hospital para ir às analises.
Chego
às analises, mesmo com senha prioritária, tenho que esperar. Finalmente sou
chamada!!! Aleluia!
Agora
vem o segundo preâmbulo – Só fazem analise do tacrolimus mas não fazem do
everolimus. Genial!
No
meio de tudo isto, já são 10h e ainda não tomei os medicamentos que deveria ter
tomado e continuo em jejum!
Vamos
ao terceiro preâmbulo? Lá consigo tomar os medicamentos e o pequeno almoço. Vou
à consulta de nefrologia (pelo transplante renal) e fico a saber, apesar da boa
vontade da minha médica de nefro e transplante renal, que a analise do Everolimus é feita no Curry Cabral e que só pode ser feita no dia seguinte.
Portanto,
tenho uma analise feita da qual ainda não sei o resultado e amanhã tenho que ir
fazer a outra analise a outro hospital. O termo de responsabilidade para Santa
Maria pedir a analise do everolimus ao Curry Cabral nem sequer é vitalício.
Estão a ver o filme? Cada vez que tenha que fazer um nivelamento, tudo isto se
vai repetir!!
2ª
dia – 5ª feira, dia 7 de Maio.
Acordo
de manhã bem cedo e vou para o Curry Cabral. Nem posso acreditar quando vejo
que o laboratório de analises é num pavilhão pré-fabricado inundado de pessoas. Senti que estava
numa estranha realidade paralela. Este filme não pode estar a acontecer comigo!
Mas estava! Cheguei às 8:10h, em jejum, mesmo com senha prioritária, só
consegui fazer a analise praticamente às 10h da manhã! Digo que tenho urgência
no resultado. Sabem quando é que vou ter o resultado? Na 2ª feira, dia 11 de
Maio e tenho que a ir buscar porque segundo comentário da funcionária – “...
por email é só no privado para darem nas vistas que apresentam trabalho!”
Brincalhona!
Portanto,
sou obrigada a passar para um genérico, não posso continuar com o Advagraf e
não tenho resultados para transmitir à minha médica de transplante renal na
Corunha que precisa saber com urgência que doseamento tem que me dar para fazer
esta troca de medicação.
É
caso para dizer que realmente estamos muito melhores a nível da sanidade
publica portuguesa. E estamos a falar de algo tão simples como tirar sangue!
Alguém
quer partilhar as suas experiências ou isto é só comigo?!
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