DGS apresenta programa para reduzir bactérias multiresistentes (Fonte: RCM Pharma 17.11.2009)

DGS apresenta programa para reduzir bactérias multiresistentes
A Direcção-Geral da Saúde apresenta quarta-feira no Porto um programa de redução das bactérias multiresistentes aos antibióticos, que prevê quatro linhas de actuação, uma das quais é a criação de "um sistema de vigilância a nível nacional de bactérias-problema".Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Europeu de Sensibilização para o Uso racional do Antibiótico (18 Novembro), o professor Artur Paiva, consultor da DGS e membro da comissão que elaborou o programa, apontou também a criação de um sistema de vigilância do consumo de antibióticos e a emanação de normativos de prescrição clínica.O programa visa ainda criar "uma série de ferramentas que ajudem a perceber como se toma e como se prescreve de forma responsável os antibióticos".Segundo Artur Paiva, que é também director da Unidade Administrativa de Gestão da Urgência e Cuidados Intensivos do Hospital de S. João do Porto, Portugal situa-se "no quinto ou sexto lugar dos países europeus com maior prescrição e consumo de medicamentos"."Temos uma situação em que as bactérias estão a ficar progressivamente mais resistentes aos antibióticos e sabemos que essa aquisição de resistência das bactérias passa por uma inadequada utilização desse medicamento", disse.Defendeu, por isso, a necessidade de desenvolver uma "forte campanha de sensibilização" dos médicos e da população para esta problemática."Temos uma cultura que faz depender a boa prática clínica da prescrição de alguma coisa o que não corresponde à verdade. Na maior parte das infecções mais comuns o antibiótico não é necessário e os exemplos mais conhecidos são as constipações e as gripes, infecções provocadas por vírus e contra os quais o antibiótico não tem qualquer actividade", acrescentou.A toma de antibióticos sem necessidade, "não tem qualquer benefício para a doença, provoca os efeitos laterais habituais (enjoos e diarreia) e o mais importante, faz com que as bactérias conheçam os antibióticos e arranjem mecanismos de resistência".Além disso, alertou o especialista, "quando um médico nos prescreve um antibiótico devemos cumprir a prescrição: a dose, o intervalo entre as tomas e a duração do tratamento".Ou seja, esclareceu, "dose a menos ou duração a mais ou a menos pode também induzir resistência das bactérias. Não só devem ser prescritos apenas quando estritamente necessário, e isso é um juízo do médico, como quando nos é receitado devemos respeitar religiosamente a posologia e a duração do tratamento indicado".A solução para moderar a expectativa do cidadão passa pela "comunicação".No entender de Artur Paiva, "a prescrição de antibióticos é directamente proporcional à falta de comunicação entre o médico e o doente"."Receita-se tanto mais antibiótico quanto menos tempo houver para conversar com o doente. Quando o médico tem a certeza que pode rever ou estar em comunicação com o doente, a probabilidade de receitar um antibiótico é menor", frisou.O Dia Europeu dos Antibióticos é assinalado quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde com uma sessão científica na Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto.Trata-se de uma iniciativa do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) e pretende apoiar as acções nacionais para alertar os profissionais de saúde para a necessidade de promover o uso racional dos antibióticos, a fim de manter a sua eficácia e prevenir a emergência de microrganismos resistentes.