É pena não sermos sinceros e dizermos que quem vem buscar alguns dos órgãos são as equipas médicas espanholas e que outros órgãos, como os pulmões, são literalmente deitados para o lixo (excepto a equipa do Hospital de S. João do Porto que envia doentes e órgãos para Espanha).
Na conferência do dia 21 de Novembro - Dia da FQ - tive vontade de perguntar ao Dr. Fragata, após a sua brilhante intervenção do "eu sou bom, eu sou muito bom" onde coloca os órgãos que tem que recusar porque não tem a equipa preparada para, nesse preciso momento, realizar um transplante pulmonar, ou porque apenas faz um transplante uni-pulmonar e o outro órgão que supostamente deveria ser usado para, em simultâneo, fazer outro transplante- os chamados "irmãos de pulmão" o que faz a esse órgão? Manda-o para Espanha (La Corunha)? Não é preciso esperar pela resposta porque já sabemos que a resposta é NÃO, mas depois "é vitima de uma perseguição injuriosa dos meios de comunicação social", segundo as suas palavras, e projecta capas da revista visão - "A roleta dos Transplantes Pulmonares".http://transplantes-pulmonares.blogspot.com/2009/11/dia-europeu-da-fibrose-quistica.html Porque não falou antes, por exemplo, sobre os efeitos dos imunossupressores, como tem a comida que ser cozinhada, o uso da máscara, a fisioterapia após transplante? Não era esse o objectivo deste painel? Porque foi este painel aberto com esta frase, pronunciada por uma das médicas presentes - "Meus queridos, não vejam a Internet, nós somos os vossos médicos. Temos a lamentar uma morte recente na Corunha" - "Pois temos, mas foi uma morte há mais de 6 meses por infecção de uma bactéria cepácia que nunca tinha saído do corpo da Vanessa".
Porque terá falado o Dr. Fragata que um dos impeditivos absolutos para o Transplante é a dependência de drogas e hepatite C? Mas será que ninguém se lembra que quem salvou o irmão do nosso primeiro Ministro foi exactamente O Hospital J. Canalejo quando o Hospital de Santa Maria temblava de medo e não o enviou para Santa Marta por medo de falhanço?! E atenção, para quem tem dificuldade em entender as minhas palavras: não estou a falar mal do António Pinto Sousa nem da sua familia pois são seres humanos que estavam em sofrimento por ter uma pessoa amada dentro da familia muito doente; fizeram tudo para o levar para a Corunha e FIZERAM MUITO BEM!
Porque fala o Dr. Fragata que fez 10 transplantes e mostra uma série de mapas e estatísticas de vários paíes e diz que "já é muito bom" quando na realidade sabemos que o acordo com a Ministra da Saúde foi baixar de 30 para 10 transplantes anuais apenas para mater a unidade aberta?
Porque terá o Dr. Fragata dito que não envia mais niguém para a Corunha, afirmando que a equipa galega não tem sido muito colaborante? E agora envia para Madrid? Está a tapar o sol com a peneira? Também todos sabemos que o centro de Madrid tem uma das listas de espera mais longas para Transplantes Pulmonares mas isso não foi dito nem convém que se saiba.
E ainda em relação a esta intervenção porque foi dito que a equipa de Coimbra, liderada pelo Dr. Manuel Antunes, aquele que com muita humildade diz "um dia não precisamos dos Espanhóis para nada..." mas que ainda não abriu o centro há mais de 2 anos, vai ser o parceiro para "chegarem ao número 30 de transplantes Pulmonares"...Andamos a brincar? Pelo menos andamos a brincar à grande com a vida de uma jovem de 22 anos - Elisabete Bovião - rejeitada por Coimbra e agora enviada para Santa Marta mas nem a deixam ir para França, onde o seu irmão já foi transplantado por FQ com a simples explicação "Aqui uns não são filhos e outros enteados, ficas aqui em Santa Marta, como todos!"
De facto somo um país generoso, de gente boa, generosa e de bom coração. Os interesses económicos, políticos e pessoais de alguns médicos não são colocados à frente dos pacientes! Nem pensar!!
Têm as associações força para enfrentar estas situações? Também é uma questão a levantar!
E se formos ainda mais ao fundo da questão, só foi possível fazer a Grande Reportagem da SIC em Fevereiro de 2007 - "A Última Fronteira" porque o médico que estava anteriormente em Santa Marta - Dr. Váz Velho - era odiado por todos os seus colegas de profissão. Foi demitido, e todos aplaudiram de satisfação, até o Dr. Fragata que diz sempre naquele tom "eu não estou a dizer mal ... mas recebi um programa que estava uma desgraça" mas após esta reportagem, todas as outras foram sempre feitas no sentido de engrandecer a imagem de Portugal e dos feitos portugueses e CUIDADO com aquele que se atreva a falar a verdade ...É considerado egoísta e anti-patriota!
Porque logo de seguida temos o Dr. Eduardo Barroso na Rtp1 a dizer "eu sou bom, eu sou muito bom" e numa tentativa de "limpa caras" absolutamente falhada e egocêntrica também fala da revista Visão - "A roleta dos transplantes Pulmonares"http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=25864&e_id=&c_id=1&dif=tv e ainda http://transplantes-pulmonares.blogspot.com/2009/06/visao-roleta-dos-transplantes.html
Pois, cheguei à conclusão que não se pode agradar a gregos e a troianos, não o pretendo fazer. Sei que vou ser criticada, como sempre, por alguns que não querem ver a realidade e por outros a quem a minhas palavras incomodam mas foi para isto que criei o meu blog, foi para isto que prometi a mim mesma que ia ajudar todos os que precisam, todos aqueles que, sem culpa de nada, não sabem como se movimentar no meio de tanta hipocrisia.
Continuo a dizer que não pretendo deitar abaixo as ilusões daqueles que querem ficar neste Portugal á beira mar plantado, nem criticar alguns médicos que com poucos recursos se "esfolam" para salvar vidas... no entanto as verdades têm que ser ditas pois mais vale uma verdade dura que uma mentira piedosa,
Sandra Campos
E assim sendo e para quem se queira deliciar com mais um artigo de "lava caras" aqui vos deixo um artigo do Correio da Manhã (16.12.2009)
500 transplantes/ano
2 mil doentes esperam por um rim
2 mil doentes esperam por um rim
Cerca de dois mil doentes estão em lista de espera por um rim, sendo que as principais causas da insuficiência renal são a diabetes e a hipertensão arterial, revelou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro.
Ao CM, Pizarro sublinhou o aumento dos transplantes de cadáveres e também de dadores vivos. "Os portugueses são muito solidários e aceitam bem a doação de órgãos de familiares cadáveres. Um dador dá em média três órgãos, o que permite 500 transplantes por ano e aumentar para 39 os hospitais que fazem colheita.
DISCURSO DIRECTO
"PORTUGAL É LÍDER NOS TRANSPLANTES DE FÍGADO", Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde
Correio da Manhã – Qual é a avaliação que faz das doações e transplantes de órgãos em vida e de cadáver em Portugal?
Manuel Pizarro – Uma avaliação boa, porque Portugal é o primeiro país do Mundo na liderança dos transplantes de fígado e o segundo maior nos transplantes de rim, logo seguido de Espanha.
– Mas há portugueses a serem transplantados em Espanha.
– Em 2008 demos a Espanha 43 órgãos, porque não havia doentes portugueses compatíveis, e recebemos vinte órgãos.
– Com tantos acidentes rodoviários, não é possível mais colheitas?
– Temos uma média de 29,4 dadores por milhão de habitantes, o que permitiu melhorar a organização da rede de colheitas.
– Significa mais colheitas?
– Mais hospitais autorizados a fazer colheita. Passámos de 32 em 2008 para 39; pela primeira vez foi possível diminuir o número de inscritos à espera de um órgão.
– Mas continuamos com baixos índices de transplantes no caso do pulmão.
– É verdade, mas também aí aumentámos os transplantes: passámos de quatro em 2008 para cinco no primeiro semestre de 2009.
– Qual é a situação das doações em vida?
– A nova lei permite que não sejam só as pessoas com laços de consanguinidade até ao segundo grau a doar órgãos. Temos 50 dadores vivos, dos quais sete são cônjuges.
– E outros familiares?
– Temos cinco pais que doaram um órgão, catorze mães, dezanove irmãos e cinco filhos.
– Houve outros dadores fora da família?
– Não há registo. A lei é muito cautelosa para que não haja tráfico.
– Foi detectado algum caso suspeito de tráfico de órgãos?
– Não há conhecimento. As comissões avaliam bem os casos antes de autorizarem a doação.
Ao CM, Pizarro sublinhou o aumento dos transplantes de cadáveres e também de dadores vivos. "Os portugueses são muito solidários e aceitam bem a doação de órgãos de familiares cadáveres. Um dador dá em média três órgãos, o que permite 500 transplantes por ano e aumentar para 39 os hospitais que fazem colheita.
DISCURSO DIRECTO
"PORTUGAL É LÍDER NOS TRANSPLANTES DE FÍGADO", Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde
Correio da Manhã – Qual é a avaliação que faz das doações e transplantes de órgãos em vida e de cadáver em Portugal?
Manuel Pizarro – Uma avaliação boa, porque Portugal é o primeiro país do Mundo na liderança dos transplantes de fígado e o segundo maior nos transplantes de rim, logo seguido de Espanha.
– Mas há portugueses a serem transplantados em Espanha.
– Em 2008 demos a Espanha 43 órgãos, porque não havia doentes portugueses compatíveis, e recebemos vinte órgãos.
– Com tantos acidentes rodoviários, não é possível mais colheitas?
– Temos uma média de 29,4 dadores por milhão de habitantes, o que permitiu melhorar a organização da rede de colheitas.
– Significa mais colheitas?
– Mais hospitais autorizados a fazer colheita. Passámos de 32 em 2008 para 39; pela primeira vez foi possível diminuir o número de inscritos à espera de um órgão.
– Mas continuamos com baixos índices de transplantes no caso do pulmão.
– É verdade, mas também aí aumentámos os transplantes: passámos de quatro em 2008 para cinco no primeiro semestre de 2009.
– Qual é a situação das doações em vida?
– A nova lei permite que não sejam só as pessoas com laços de consanguinidade até ao segundo grau a doar órgãos. Temos 50 dadores vivos, dos quais sete são cônjuges.
– E outros familiares?
– Temos cinco pais que doaram um órgão, catorze mães, dezanove irmãos e cinco filhos.
– Houve outros dadores fora da família?
– Não há registo. A lei é muito cautelosa para que não haja tráfico.
– Foi detectado algum caso suspeito de tráfico de órgãos?
– Não há conhecimento. As comissões avaliam bem os casos antes de autorizarem a doação.
Olá Muito bom dia Sandra ,
ResponderEliminarDescobri o teu blog por intermédio de uma amiga.
Bem li desde o inicio tudo o que escreveste (e já comecei á alguns dias), pois realmente o objectivo do teu blog é de louvar.
Divulgar o que está mal, denunciar casos de carencia medica e ausencia de competencia. Mas acho que nos devemos concentrar em saber realmente os factos, ou seja, saber como realmente é a história e divulga-la.
Li este post e como pessoa muito proxima dos sistemas de saude te divulgo, que o que o Dr. Fragata disse, foi que era mesmo bom, mas relativamente ás suas competencia de cirurgião cardiaco, prosseguindo a sua intervenção dizendo que humildemente que teve de ir 'aprender' a realizar transplantes pulmonares. Nao demonstrou qualquer tipo de exibicionismo ao dize-lo. E qualquer pessoa que pesquise sobre ele, o irá descobrir , a sua qualidade extrema de cirurgião cardiaco.
Bem podes fazer a tal pergunta ao Dr. Fragata, mas porque em vez de o fazeres ao Dr. a fim de o minorizares e de lhe induzires imcompetencia, porque nao perguntas antes aos Dr.s e equipas espanholas com que pulmoes transplantes os portugueses e não só em Corunha e Madrid (que tambem tem centro, e nao vi qualquer referencia desse mesmo centro aqui) ? De certeza, que vais constatar que as respostas são unanimes. Dr. Fragata envia para Espanha e Espanha utiliza os pulmoes / orgãos portugueses nos seus centros de transplantação.
Outro aspecto é a tua incoerencia de ideias, em alguns textos dizes que Portugal envia os orgãos para Espanha sem os utilizar cá, mas outras vezes dizes "Não é preciso esperar pela resposta porque já sabemos que a resposta é NÃO". Mas então em que ficamos ? Vão ou não para Espanha ?
Falas na Vanessa, que tambem eu seguia o seu blog. É normal, certas bactérias nao saem do organismo, tal que a equipa médica não tem culpa (como referiste neste texto), mas em Portugal no ultimo falecido Sr. Lourenço , divulgaste que se fosse em Corunha nada disto tinha acontecido ! Mas então, se é em Espanha é puro acidente , se é em Portugal é incompetencia médica ? Sao ambos médicos humanos , sao ambos pessoas que se dedicam inteiramente aos doentes !
Só acho que devia escrever com mais coerência.
Pensar mais nos outros (como tanto diz) e não querer aparecer tanto na televisão, usando casos de outras pessoas em sofrimento e fragilidade.
Cumprimentos,
Rita Silva
Bom Dia Rita,
ResponderEliminarObrigada pela sua mensagem.
É verdade qd diz: “ o objectivo do meu blog é divulgar o que está mal, denunciar casos de carência medica e ausência de competência”.
Respondo-lhe ponto por ponto pois eu também como pessoa muito próxima dos sistemas de saúde e dos meios de comunicação social, posso não agradar a todos, mas nunca falo por falar.
Estive no dia 21 em Gaia e sou consciente que o “Dr. Fragata disse que era mesmo bom relativamente ás suas competência de cirurgião cardíaco, prosseguindo dizendo que teve de ir 'aprender' a realizar transplantes pulmonares".
Concordo consigo que o Dr. Fragata é reconhecido por ser um bom cirurgião cardíaco mas o problema aqui é que não são cardiologos que devem estar à frente de uma unidade de Transplantes Pulmonares. Está errado! Não podemos pensar – “Vamos dar-lhe uma oportunidade até porque se está a esforçar tanto” – Está Errado! Pois é de vidas humanas que estamos a falar. Quem tem que estar à frente de uma equipa de Transplantes Pulmonares são MÉDICOS TORÁCICOS MUITO EXPERIENTES.
A critica neste caso é à Ministra da Saúde, que permite colocar um cardiólogo à frente do único centro de transplantes pulmonares existentes em Portugal.
Quanto à perguntas que supostamente “necessito” fazer à equipas espanholas tenho a dizer-lhe que não necessito fazer nenhuma. Pois felizmente tenho uma óptima relação com todos e o facto de ter participado em várias conferências nas quais me foi dada a possibilidade de falar, transmitir a minha experiência como transplantada , dar esperança e ainda conhecer o funcionamento do sistema e das equipas em Espanha (Corunha) permite-me dizer que o esforço deles é absolutamente incrível, trabalham 24h sobre 24 horas, estão sempre contactáveis, não perdem a oportunidade de recolher um órgão, de salvar uma vida. Falo da equipa da Corunha porque da equipa de Madrid o que sei é que têm uma longa lista de espera e neste caso não preciso de saber nada mais, por enquanto. Se Santa Marta manda pulmões para Madrid é louvável MAS NÃO TENHO CONHECIMENTO DE TAL ACTO e é falso que enviem pulmões para a Corunha. REPITO só o centro de S. João é que envia pulmões para a Corunha.
A incoerência vem dos responsáveis que tentam confundir quem lê as noticias porque falam sempre no plural: Orgãos!!! Há que definir de que tipo de orgãos estamos a falar e eu falo unica e exclusivamente de PULMÕES.
Também nunca vi, nem presenciei, nem li nenhuma referência negativa da Corunha a Portugal, nem às equipas portuguesas e sempre estiveram dispostos a ajudar em tudo, aliás foi em 2003, quando aqui nem se falava em transplantes pulmonares, que a equipa da Corunha “abriu as suas portas” e começou a receber portugueses para serem transplantados aos pulmões.
Também nunca vi esta necessidade "tipica portuguesa" de defesa contra os meios de comunicação social, numa conferência, onde os objectivos deveriam ser outros: esclarecer as pessoas, dar-lhes tranquilidade, partilhar experiências, permitir perguntas e permitir terminar apresentações que foram feitas com toda a boa vontade. Se me faço entender!
Quanto à ultima parte: Há que diferenciar o caso da Vanessa do caso do Sr. Lourenço. A Vanessa tinha de facto uma bactéria que não foram capazes de erradicar (cepácia) enquanto o Sr. Lourenço (que eu conhecia pessoalmente e por quem tinha muito carinho) teve uma infecção dentro do hospital e após transplante pulmonar. Não é o 1º caso, nem será o último e o mais escandaloso é dizerem depois que os transplantados em Portugal morrem por incapacidade psicológica para aguentar o Transplante Pulmonar. Pois na realidade morrem pelas infecções apanhadas dentro do hospital e é isso que não querem admitir.
Como pode ver é muito diferente um caso do outro.
Quanto ao aparecer na televisão posso garantir-lhe que as pessoas que eu procurei ajudar não estão incomodadas, nem a Elisabete Bovião, nem a família do Sr. Lourenço e outros.
Quem fica incomodado são PUROS ANÓNIMOS E GENTE COM UMA PEQUENA VISÃO DA REALIDADE.
Cumprimentos,
Sandra Campos