08/03/2012 - 08:25
Um grupo de cientistas portugueses está a procurar formas de aumentar a imunidade de doentes submetidos a transplantes de medúla óssea de dador não familiar, para reduzir a infecção pelo citomegalovirus, uma investigação distinguida com prémio internacional, avança a agência Lusa.
O projecto desenvolvido por João Forjaz de Lacerda e Rita Azevedo, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), Hospital de Santa Maria e Instituto de Medicina Molecular, é um dos dois trabalhos de investigadores portugueses que hoje vão receber 15 mil euros cada, através das bolsas Terry Fox.
Para cumprir o sonho de Terry Fox, o jovem canadiano que atravessou o país a pé para angariar fundos destinados à investigação na área do cancro, são distinguidos em Portugal o projecto no âmbito do transplante de medula óssea para doenças oncológicas e o estudo da relação entre as alterações centrossomais e a pior evolução do cancro da mama.
Este projecto surge no âmbito de "um protocolo de transplante de doentes maioritariamente com doenças hemato-oncológicas que necessitam de um transplante de médula óssea e que não têm um dador na família, sendo necessário recorrer a dadores dos registos internacionais", explicou à Lusa João Forjaz de Lacerda.
A opção por dadores não familiares "é mais complexa do que o transplante tradicional de irmão compatível, que é o dador desejável, e acarreta mais complicações infecciosas entre as quais a reactivação de um vírus que todos temos, mas para o qual temos vigilância, o citomegalovirus".
Nos pacientes transplantados, as defesas para o citomegalovírus, "estão diminuídas, e mais ainda nos doentes submetidos a transplante de dador não familiar", especificou o especialista.
A proposta deste estudo é "realizar uma análise detalhada da imunidade específica para este vírus que vai emergir após o transplante e encontrar formas de manipular o sistema na fase pós transplante para aumentar a imunidade através da infusão de células específicas", referiu João Lacerda.
Através da tecnologia a desenvolver e do conhecimento acumulado, o objectivo é "diminuir a incidência da reactivação do citomegalovirus, após o transplante", especificou.
Por outro lado, o investigador acrescentou que, "quando a reactivação surgir, pode ser debelada de uma forma mais precoce e mais eficaz".
O prémio é "um incentivo importante" para o projecto que tem já resultados preliminares, mas irá ser desenvolvido nos próximos dois a três anos.
Em média, cerca de metade dos doentes transplantados de dador não familiar tem reactivação do citomegalovirus, um vírus muito comum que, na maior parte dos casos, antes de dar sintomas, "é detectado e tratado e não chega a ter consequências graves".
Num número diminuto destes doentes "pode haver uma infecção respiratória grave com consequências mais complicadas e são estas situações que se pretendem combater", realçou João Lacerda.
Os tratamentos com células "são mais uma arma terapêutica porque existem fármacos muito activos contra o citomegalovirus e que os centros de transplante utilizam por rotina", esclareceu ainda o especialista.
A entrega das bolsas, resultantes dos fundos angariados na XVI Corrida Terry Fox Portugal, em Maio de 2011, conta com a presença da embaixadora do Canadá, Heidi Kutz, da presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC)-Núcleo Regional Sul, e de um representante da Roche Farmacêutica.
fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/id/08-03-12/projecto-para-reduzir-infeccoes-em-doentes-transplantados-recebe-premio-inte
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