Sandra Campos
Ontem participei num programa a
convite da Antena1, por causa da denúncia do bastonário da OM, sobre o
que que está a passar sobre a alegada proibição da prescrição de
determinados medicamentos alegadamente imposta a alguns médicos,
especialmente no Norte do país.
Se
bem se recordam, coisa idêntica já aconteceu, quando no Pediátrico e
contra a vontade da Dra. Isabel Gonçalves, substituíram o Prograf
(Tacrolimus) pelo Tacni. O Tacni não era utilizado em nenhum centro de
transplantação de referência e quase parecia que alguém queria utilizar
as N/ crianças como cobaias, sabe-se lá há luz de que interesses!
Tudo
acabou em bem, quando a ministra de então a Dra. Ana Jorge e por
despacho, pôs um fim à polémica. Ficou por se saber que quantidades de
Tacni foram adquiridas e a título de quê….
Estão
a acontecer coisas em Portugal que são criminosas, literalmente vis e
de uma falta de ética que eu julgava impossível de acontecer!
Não
há nenhuma entidade que averigue porque é que a taxa de mortalidade
infantil disparou, nós que tínhamos uma das mais baixas do mundo!?
Porque será que o número de urgências reduziu drasticamente, será que
associada a esta quebra temos uma taxa de mortalidade de pessoas idosas
que também disparou? Reduziram as urgências, reduziram os internamentos,
reduziram as consultas, reduziram os transplantes, reduziram os
transportes de doentes crónicos, reduziram “genericamente” os actos
cirúrgicos, ao que parece está tudo a reduzir e as taxas de
mortalidade?! Será que reduziram?!!!? Talvez fosse recomendável perceber
como se tem portado a facturação das agências funerárias no meio desta
crise!
Há medicamentos que
comprovadamente aumentam a percentagem de cura de determinada doença e
que não estão a ser ministrados, há medicamentos que evitam o
transplante hepático aos doentes com paramiloidose e que estão sempre a
faltar, há medicamentos que dão melhor qualidade de vida aos doentes com
determinadas doenças degenerativas e que estão a ser vedados, há
medicamentos com determinados benefícios para os doentes oncológicos e
que também não estão a ser receitados! Mas isto não é crime? Uns
conseguem ser tratados com esses medicamentos e outros não, como é isto
possível?
Não somos todos iguais
perante a Constituição da República Portuguesa? Que é feito de conceitos
como a dignidade da pessoa humana, direitos fundamentais,
inviolabilidade da vida humana, etc, etc, etc.
Será que este artigo da CRP foi rasgado?
Artigo 13.º
Princípio da igualdade
Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2.
Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de
qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência,
sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas
ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual.
Será
que o Sr. Ministro da Saúde quando acorda de manhã e olha para as mãos
que levarão a água a cara, não vê que essas mãos poderão estar sujas de
sangue? Mas ele consegue olhar-se ao espelho?
Eles não percebem, mas estas decisões matam!
Quase
parece que a vida deixou de ter o mesmo valor! Lembram-se do Ministro
que disse, “são só umas dez ou doze crianças por ano”! Essas podiam
muito bem morrer porque são os filhos dos outros …. Ou como este
Ministro disse, “temos de ver se podemos fazer tantos transplantes!”.
Realmente, para quê fazer tantos transplantes? Podemos poupar na recolha
de órgãos para transplante, pois se desligarem as máquinas aos
potenciais dadores, poupa-se umas massas! Porque é que os hospitais
hão-de aguentar um morto ligado ás máquinas e a gastar uma fortuna,
apenas para se lhe tirar um coração, um fígado ou um rim que vão ser
enviados para outro lado qualquer? As caras dos que precisam ninguém as
vê, são uns anónimos que nem se conseguem fazer ouvir! Desliga-se e fica
bem mais económico para o país, poupa-se no cadáver, poupa-se nos
transplantes e assim dispensa-se uma série de actos médicos, pois como
disse um dia o Sr. Bastonário da OM, “um doente barato é o doente
morto!”.
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