O diagnóstico impõe cirurgia imediata, mas o protocolo europeu que regula o tratamento do cancro em Portugal, determinou quatro sessões de quimioeterapia prévia. Os pais resistiram, mas o IPO não cedeu. O rim e o tumor foram removidos com sucesso em Agosto de 2010, depois de quatro sessões de quimioterapia.
Assim que o cancro foi detectado, a familia tomou a decisão de viver junta e um triângulo de segurança fechou-se à volta de Safira: pai, mãe e padrasto.
Depois da operação, este círculo restrito avisou o IPO de que Safira não se submeteria às 27 sessões de quimioterapia prescritas; os pais e o padrasto decidiram procurar uma via de tratamento alternativa. O IPO avisou a Comissão de Protecção de Menores e a Comissão informou o Tribunal. Em três dias, a decisão estava tomada: os pais deveriam levá-la aos tratamentos, de outra forma Safira teria de ficar à guarda do Estado para que os mesmos – forçadamente – ocorressem.
Houve sentença. Mas nunca foi aplicada. Os pais, pressentindo-a, saíram de casa.
O IPO argumentava que a quimioterapia garantiria a Safira 95 por cento de hipoteses de sobreviver sem recidivas. Os médicos do Instituto entendiam que, qualquer outra abordagem, poria em causa estes resultados.
Safira fez um tratamento com células dendritícas na Alemanha. Células específicas do sistema imunitário da menina foram postas em contacto com uma amostra do tumor para o conhecerem e aprenderem a combatê-lo. Essas céluas foram replicadas em laboratório e de novo injectadas no organismo de Safira.
As células dendríticas que protegem o sistema imunitário de doenças invasoras como o câncro, um tratamento ainda experimental e que o IPO não reconhece, asseguraram ao investigador Ralph Steiman o Prémio Nóbel da Medicina 2011.
Reportagem de Pedro Coelho e José Silva (imagem), com Patrícia Fonseca (Visão); edição de imagem de Ricardo Tenreiro; grafismo de Isabel Cruz; pós-produção áudio de Edgar Keats; produção de Isabel Mendonça; coordenação de Cândida Pinto; direcção Alcides Vieira.
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